sábado, 17 de maio de 2008

A COR DA LIBERDADE

Ao lançar, em 1993, a famosa trilogia das cores ("Bleu", "Blanc" e "Rouge"), o diretor polonês Krzysztof Kieslowski (morto em 1996) não poderia imaginar a série de discussões que girariam em torno dessas três obras de arte do cinema e o quanto elas poderiam influenciar a vida das pessoas.

No caso específico de "Bleu" (A Liberdade é Azul, em português), temos a história de Julie (magnificamente interpretada por Juliette Binoche), uma mulher que após perder seu marido e filho num acidente automobilístico, tenta a todo custo a reconstrução de sua vida.

Temos em "Bleu" as características do cinema contundente de Kieslowski: dor, vazio, busca, incertezas e motivações para seguir em frente.

Os questionamentos de Julie diante da dor, passam bem próximos à todas estas caracteríticas.

Revi "A Liberdade" há alguns dias e, para mim, é sempre uma surpresa gratificante a redenção das personagens, como se fosse a nossa própria redenção.

Para quem ainda não assistiu, vai a citação de minha cena favorita, quando Julie, na piscina, mergulha e fica lá, no fundo, por alguns minutos. Confesso que ao assistir, sempre penso: desistiu? decidiu enfim deixar a vida?

É isso, "A Liberdade é Azul" além de ser um grande filme, com grandes verdades sobre o ser humano e suas dores, ainda nos brinda com a lição divina do livre arbítrio; com as escolhas que, por direito, podemos fazer com nossos próprios destinos, nossas próprias vidas, a nossa própria continuidade.

Além de tudo, "A Liberdade" tem uma das mais belas trilhas sonoras compostas para o cinema.

2 comentários:

Oliver Pickwick disse...

Filme inesquecível. Além da bela trilha sonora, acrescentaria a exuberância da fotografia.
Um abraço!

Lua em Libra disse...

Beto,
Este é um dos filmes-chave para mim. Só trocaria a cena da piscina por aquela em que Julie - como para trocar a dor emocional por alguma física, - arrasta os nós dos dedos pela parede (muro?) até que sangrem. Para mim, esta necessidade de sentir dor em contraposição à morte é uma das sacadas mais brilhantes que poucas vezes tiveram par no cinema. Um abraço desde os pampas.